Unidos da Ponte
Leia a sinopse do enredo da Unidos da Ponte
Santa Dulce dos Pobres - O Anjo bom da Bahia
Carnavalescos: Guilherme Diniz e Rodrigo Marques
Enredista: Tiago Freitas
Teus olhos são faces da doçura do teu nome, que irmana a
bondade gratuita e proteção aos pobres, negros em sua maioria, das comunidades
de Salvador.
Cântico inicial
Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Senhora da paz,
peregrina do amor e andarilha da fé, teus filhos do samba caminham em procissão
neste dia especial. Versamos neste enredo, relatos de devoção guiados pela tua
chama de esperança, bondade, humildade e comunhão.
Teu manto azul e branco nas cores da nossa Escola é
inspiração. O azul da cor do céu lampeja calmaria, o tom azul do mar inspira a
grandiosidade de amar sem limites. O azul da nossa bandeira nos une e queremos
seguir em cortejo num cântico que irmana tua lição de caridade.
A Unidos da Ponte em 2021, buscará narrar as tantas pontes
que por ti foram construídas entre ricos e esquecidos e poderosos e oprimidos.
Pretendemos mostrar a tua ponte do amor pela fé e tua ponte da persistência
pela vida na comunhão da solidariedade.
Como santidade do amor, também construiu pontes entre teus
filhos de todas as religiões:
“Foste a voz daqueles que não tem voz
Pequena e tão gigante
Mãe desses Filhos de Gandhy”.
Trecho musical de “A Bahia canta sua santa”
Composição: Coletivo em prol das obras sociais de Santa
Dulce.
Nosso altar hoje ecoa um samba-oração por ti, amada mãe dos
necessitados.
“Doce Luz, eu sinto seu cheiro de flor
Eu sei que você está aqui
Sua presença é de amor”
Trecho musical de "Doce luz"
Composição: Léo Passos e Chico Gomes.
Dulce Santa. Coração sem medidas, mulher pequena na
estatura, mas grande nas ações. Senhora da pressa na caminhada com os humildes.
Rogai por nós.
SINOPSE
Primeiro relato de
amor: Irmã do silêncio e o oratório dos pedidos
Amada Dulce, irmã de bondade e doçura, recebi teus chamados
todos. Estive contigo em tuas preces de silêncio a ouvir teus clamores por
medicações, leites, equipamentos médicos, terrenos para construções das tuas
obras e apoio para subsidiar teus projetos sociais.
No interior do Nordeste, em casas pobres de palafitas, tu
levaste posto médico com atendimento básico às comunidades carentes de tudo.
Nestes lugarejos de abandono, tu enviaste a cura, mas entregaste também amor
aos esquecidos. Trabalhaste a fé com operários plantando esperança no corpo e
na alma.
Querendo mais pelo próximo, finalizaste o curso oficial de
farmácia. No convento, tocaste feridos, resgataste enfermos, amparaste
desalentados que moravam nas ruas. E quando não podia mais, ainda assim,
ajudaste. No murmúrio das inquietações e incertezas, rezaste, mantendo
esperança.
Não separaste os excluídos da vivência em sociedade, levaste
amparo sanitário à presidiários de um centro de detenção da Bahia. Olhaste por
crianças sem referência de família, entregaste esperança para o olhar dos
filhos do abandono. Lembraste das pessoas com deficiência e dos idosos
esquecidos. Enfrentaste poderes internos e externos e iniciaste um hospital num
galinheiro como prova de humildade. Com muito diálogo e olhar de brandura
convenceste presidentes e governadores a ampliar o feito assistencial. Ganhaste
áreas territoriais para construir teu legado social de amor ao próximo.
Irmã Dulce, testemunhei teu esforço incansável. Sei que fizeste da tua vida, uma chama viva
de oratório. Quando o esgotamento parecia te abater e o silêncio te era a
resposta, rezaste a me chamar intercedendo pelos teus.
A fé te foi companheira, a oração foi tua morada, tua
fortaleza e teu renascimento.
Segundo relato de
amor: Tua fé que transcende e toca a santidade
Tua obra correu as nações sendo espelho para tantos
peregrinos de amor. No labor caridoso da tua alma, o mundo se rendeu te
indicando ao prêmio Nobel da Paz. Quando teu corpo e olhar bondoso não
conseguiam mais habitar os planos terrestres, àquele que também seria santo, te
beijou, era João Paulo II soprando a paz do descanso para tua alma. E assim,
numa tarde tranquila de brisa leve, tua obra ficou eternizada no coração dos
baianos que gritavam “obrigado, Dulce”. Sinos e atabaques ecoaram por toda
Salvador.
Tornaste venerável para a igreja porque tu, irmã Dulce,
viveste em grau heroico de comunhão com as virtudes cristãs da fé, esperança e
caridade. Teu testemunho de vida foi um conforto para os pobres e um exame de
consciência para os ricos.
Passo próximo, tu te consagraste como beata da igreja. O
primeiro milagre operou-se num pós-parto. O desânimo dos homens da terra
configurou-se após inúmeras cirurgias que não rompiam um sangramento. Vida e
morte se encontravam e no desespero final, na hora do adeus, o pároco
intercedeu pela vida da serva clamando por teu nome: “Óh, venerável, não
permita que esta mãe deixe seu filho”, prontamente a sangria cessou.
Tu que te tornaste irmã, venerável, beata, consagrou-se como
Santa. O segundo milagre foi para um filho teu que não enxergava mais, mas te
sentia. O amor por ti foi tão maior, que no momento de dor na região dos olhos,
tateou uma pequena imagem tua e a encostou sobre as vistas num grito de
esperança, pedindo tua intercessão de anjo bom. Dormiu anestesiado do teu
amparo e ao acordar, as dores cessaram e a escuridão findou. Ele sentiu e viu o
mundo com as cores da fé.
Pequena grande, em santidade tu foste, tu és e sempre serás
grande, generosa, a flor amarela do amor, do olhar pleno, bondoso, caridoso e
atencioso para com teus devotos.
A procissão em teu nome pelas ruas da Bahia revela a vitória
da tua pobreza, lembrando os humanos do amor que se deve irmanar ao próximo e
de prestar solidariedade aos humildes, humilhados e esquecidos pelo poder.
Terceiro relato de
amor: Bahia de todos os santos e de Santa Dulce dos Pobres
As escadarias de Nosso Senhor do Bonfim recebem, agora,
sinos que badalam também por ti, Santa Dulce. Num elo de irmandade entre as
religiões que querem o amor no coração de todos, a Bahia é o retrato de todos
os santos, de todas as representações e manifestações de esperança por dias
melhores.
Receba os sinos, as velas, as preces, as orações e a mística
da fé das baianas que lavam as escadarias de Bonfim com as águas de cheiro para
celebrar tua baianidade santa. Tua Bahia é santa e também cultural.
Tenho lembranças de quando fundaste o cineteatro Roma, em
Salvador, fazendo da arte um meio para arrecadar fundos para os teus
necessitados. Recebeste artistas consagrados e espalhaste amor com música para
os filhos esquecidos. Tocaste sanfona, gritaste gol com teu time baiano e
brincava com as crianças o futebol da vida para espantar a solidão. Na partida,
só a fé de sorrir era a vencedora.
Fizeste de Salvador um porto sagrado e quando andarilha
corria para o mar – tua paixão - a repousar energias para o ritmo de trabalho
como gestora da caridade.
Hoje, os peregrinos caminham por seu amor santo, levam
sonhos nas romarias, cantam e choram por devoção. Tu és a mãe de muitos
brasileiros órfãos. Santa Dulce leva tua esperança para encher de vida os olhos
dos teus meninos e meninas que carregam desassossego dentro da alma. Leva tua
bandeira da paz e da doação sem limites para com o próximo.
Intercedas por todos os pedidos emocionados – como os teus
dirigidos à minha interseção – que no cruzamento da fé, nos encontraremos em
comunhão.
Eis-me aqui, com este sentimento que agora se configura no
mesmo plano de espírito e ideais de caridade.
Olhai por teus filhos pobres.
Guiai os oprimidos por um caminho de paz e animosidade.
Caminhai ao lado dos enfermos e necessitados.
Sigamos juntos pela vigilância dos desvalidos do mundo
concedendo a eles cobertor, proteção e misericórdia em nome do pai, do filho,
do espírito santo.
Amém!
De seu fiel vigilante das horas de nuvens nubladas e dos
tempos de clarões de luz,
Fernando Martins de Bulhões
Santo Antônio.